Thomas More.

Vida
Nascido em Londres em 7 de fevereiro de 1478. More acabou seguindo os passos de seu pai e formou-se em Direito.
Desde cedo teve uma boa educação, estudando línguas, matemática, astronomia e teologia.
Tornou-se advogado em Oxford exercendo a profissão por algum tempo. Em 1505, casou-se com Jane Colt e com ela teve quatro filhos.
No entanto, essa relação durou pouco tempo. Ficou viúvo e casou-se novamente com Alice Middleton, com quem teve mais um filho.
More era amigo íntimo de Erasmo de Roterdã, escritor, filósofo e teólogo humanista neerlandês. Erasmo dedicou sua obra mais emblemática, Elogio da Loucura, ao seu amigo e mentor Thomas More.
Por conta de seu reconhecimento na posição de homem das leis, fez parte da Corte inglesa a partir de 1520. Ao lado da família real, tornou-se embaixador, cavaleiro e chanceler da Inglaterra
Apesar de seus deveres públicos, More foi um escritor influente. Em 1516, publicou a que se tornaria sua obra mais importante "Utopia", onde descreve uma sociedade ideal, regida pela lei e pela religião, contrastando com a realidade repleta de conflitos da política da época. Em 1518, escreveu "A História de Ricardo III", considerada a primeira obra-prima da historiografia inglesa.
Todavia, Henrique VIII com o intuito de se casar novamente funda o Anglicanismo em 1534 rompendo laços com a Igreja Católica de Roma.
A intenção do Rei era se divorciar de Catarina de Aragão e casar-se com a dama de companhia da rainha, Ana Bolena.
Esse episódio levou More a desconfiar cada vez mais dos interesses humanos, abandonando seu cargo de Chanceler.
Além disso, se posicionou contra a Reforma Protestante defendendo os dogmas da Igreja.
Quando Henrique VIII, rei da Inglaterra o chamou para confirmar sua posição com líder da Igreja que havia fundado, More recusou.
Esse fato o levou a ser considerado um traidor. Após esse evento, foi preso na Torre de Londres, julgado e condenado a morte. Na manhã de 6 de julho de 1535 foi decapitado em sua cidade natal.
Diante de sua importância histórica e religiosa, Thomas More foi canonizado em 1935 pelo Papa Pio XI.
Biografia
Thomas More foi filósofo, homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Autor da obra "Utopia", onde defende uma sociedade ideal, regida pela lei e pela religião, e critica os males políticos e econômicos de seu tempo.
Principais Obras
- A Utopia
- A Agonia de Cristo
- A Apologia
- Diálogo da fortaleza contra a tribulação
- Tratado sobre a Paixão de Cristo
- Os Novíssimos
- Réplica a Martinho Lutero
- Diálogo contra as heresias
- Súplica das Almas
- Epitáfio
A Utopia

"Utopia" é um nome grego cunhado por More, de ou-topos ("sem lugar"); um trocadilho com eu-topos ("bom lugar") é sugerido em um poema introdutório. More descreve uma ilha pagã e comunista na qual as instituições e políticas são inteiramente governadas pela razão, o escritou se inspirou nos socialistas do século 19. A ordem e a dignidade de tal estado forneciam um contraste notável com a política irracional da Europa cristã, dividida pelo interesse próprio e pela ganância por poder e riquezas, que More descreveu no Livro I, escrito na Inglaterra em 1516. A descrição da Utopia é narrada por um viajante chamado Rafael Hitlodeu. O livro é divido em duas partes: na primeira o autor relata o encontro com seu amigo Pedro, o qual apresentou-lhe ao velho viajante. Durante o diálogo entre eles, há a discussão sobre diversos aspectos sociais da época: pena de morte, classe religiosa, riqueza e pobreza. Na segunda parte, o autor reproduz o relato de Hitlodeu sobre a sociedade de Utopia. Logo traduzido para a maioria das línguas europeias, Utopia tornou-se o ancestral de um novo gênero literário, o romance utópico.
Sobre a Ilha
A família é a instituição básica da organização social. Cada família elege, por meio de voto secreto anual, um representante, que é chamado de sifogrante. Estes, usando o mesmo método, elegem o príncipe, que será o líder máximo da nação até o fim de sua vida, a menos que ele haja de forma autoritária. Embora sejam eleitos anualmente, os sifograntes geralmente ocupam o cargo de forma vitalícia, a não ser que haja tentativa contra o sistema. Não existe participação política das mulheres.
Cada cidade deve ter, no máximo, 6 mil famílias, sendo que cada uma deve conter entre 10 e 16 adultos. Quando existe excesso de pessoas em uma família, elas são enviadas a outras com falta de indivíduos. Da mesma forma, a população é distribuída entre as cidades, com o objetivo de evitar grandes aglomerações. Caso toda a ilha fique superpovoada, são iniciadas colônias de Utopia no continente, podendo haver, inclusive, conflitos entre os utopianos e os povos colonizados, pois a cultura da ilha deve ser imposta ao povo do continente.
A cultura utopiana valoriza o trabalho, não utiliza o dinheiro. Todas as pessoas levam a sua produção até um mercado central onde os "chefes de família" se abastecem conforme suas necessidades. Tendo a abundância e a igualdade como princípios, a sociedade utopiana garante o abastecimento de todos. A jornada de trabalho é de seis horas diárias e todos têm acesso à educação básica. Todos devem praticar o serviço agrícola por pelo menos dois anos, em um sistema de rotatividade.
O prazer é aceito e incentivado em Utopia, desde que se exista um equilíbrio entre o trabalho, o estudo e os outros aspectos da vida. O prazer é permitido com alguns limites: ninguém pode se tornar ocioso ou buscar sua satisfação pessoal em detrimento do bem comum. Assim como todo o prazer imediato que causa dor e sofrimento posteriormente deve ser evitado. Existem festas e comemorações religiosas, assim como tempo livre que pode ser usado para o descanso, jardinagem, estudo, exercícios militares e outras atividades.
Sobre religião, existe pluralidade de crenças e é garantida a liberdade de fé. No entanto, segundo a descrição das religiões da ilha, todas elas são monoteístas. O Estado não impõe nenhuma fé específica, o que é uma ideia muito inovadora e questionadora para a época. A intolerância não é aceita pela sociedade e todo aquele que ataca a fé do outro ou quer forçar sua própria religião a uma pessoa é punido.
Em Utopia, não existe propriedade privada, desta forma, cada um deve trabalhar para o coletivo para ter a garantia de sua parte na propriedade social. Todas as família participam de um sorteio a cada dez anos em que são distribuídas moradias dignas a todos. Não existem pessoas em situação de rua, doentes desassistidos nem criminosos em Utopia.
Todas as pessoas que cometem crimes são, majoritariamente, submetidos à escravidão. Os filhos de pessoas escravizadas são livres e os escravizados estrangeiros ganham a liberdade ao chegar a Utopia. O povo indígena, que vivia na ilha antes da chegada do fundador da sociedade insular, são escravizados e considerados perigosos.
Contexto Histórico da obra, suas influencias.
A Utopia não foi a primeira obra literária a "brincar" ideias políticas e (im)possíveis regimes: sonhar com uma vida melhor é uma parte inata do ser humano. Em 380 aC, Platão escreveu seu diálogo A República, no qual Sócrates descreve uma cidade-estado comunista e igualitária governada por reis filósofos chamados guardiões, composta por homens e mulheres.
O período histórico da obra de More é marcado pela intensa transformação social. As navegações, o colonialismo e o contacto com culturas diferentes tornaram o ambiente social propicio.
A obra de More foi lançada apenas um ano antes da Reforma Protestante de Martin Lutero e três anos antes o escritor Maquiavel havia publicado O Príncipe, obra que é considerada oposta aos pensamentos de More.
More ter escrito a Utopia como uma obra ficcional foi uma maneira de tentar escapar à censura. Ainda assim, não deixou de ser um risco expôr suas críticas ao sistema político da época. Sua obra, tanto como ficção quanto como um ensaio sobre as possibilidades de um mundo mais justo, foi inspiração para muitos outros pensadores
Como A República de Platão, a Utopia de Thomas More é a criação de um membro "bem-intencionado" da classe alta com um plano. Na Utopia, a propriedade privada é abolida. "Não há nada dentro das casas que seja privado ou de qualquer homem", escreve More. A cada três meses, as pessoas acumulam um monte de coisas nos mercados; qualquer um pode vir e pegar o que precisa - como um centro de reciclagem.
Acima de tudo, Utopia foi a tentativa sincera de criar uma sociedade justa, não uma que beneficiasse apenas os ricos. "Não posso perceber nada além de uma certa conspiração se homens ricos adquirirem suas próprias mercadorias sob o nome e título da comunidade", escreve More.
- As principais influências à obra de More

- Humanismo;
- Renascimento;
- Epicurismo;
- Estoicismo;
- Platão;
- Erasmo de Rotterdam;
- Relatos das viagens ao "novo mundo".