
Obra de William Shakespeare
Contexto Histórico Literário da obra de William Shakespeare.
O cenário histórico em que se viveu William Shakespeare foi marcado pela presença da forte e polêmica personalidade da rainha Isabel I (1558-1603), que governou a Inglaterra por longos 45 anos.
Neste quase meio século, em suas questões domésticas, a Inglaterra não só assistiu a vários complôs e atentados como também enfrentou seríssimos desafios à sobrevivência como reino e como país livre. Envolveu-se, interna e externamente, em vários conflitos religiosos e teológicos que separavam as três principais correntes religiosas: a oficialista, dos anglicanos, a dos católicos (Papistas), e a dos calvinistas (Puritanos).
O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância e primor para os ingleses da alta sociedade. Na época, o teatro também era lido, e não apenas assistido e encenado. Havia companhias que compravam obras de autores em voga e depois passavam a vender o repertório às tipografias. As tipografias imprimiam os textos e vendiam a um público leitor que crescia cada vez mais. Isso fazia com que as obras ficassem em domínio público.
Até a sua morte em 1616, Shakespeare escreveu aproximadamente 38 peças contando com o drama Henry VIII. Um grupo de acadêmicos argumenta que ele foi coautor de outras quatro peças, perfazendo o total de 42. Porém, a influência de Shakespeare na Renascença não se reduziu unicamente ao volume de textos teatrais. Enquanto ele, assim como seus contemporâneos, encontraram inspiração para as suas peças em escritos ingleses antigos como, por exemplo: histórias e peças de teatro medievais, romances italianos e literatura clássica, ele obteve sucesso, particularmente na inovação.
As suas peças deixaram uma marca profunda e indelével no período da Renascença, devido à caracterização complexa de personagens como Iago e Edmund, que eram mais do que simples vilões, em sua linguagem rica e criadora presente na meditação de Hamlet e na autodefesa poética de Otelo. Não é de se estranhar, portanto que, em 1998, Harold Bloom designasse o estudo do cânone de Shakespeare como "A invenção do ser humano", tendo em conta o lugar central que a luta e o desenvolvimento individual ocuparam no mundo secular tanto para as suas peças como para o Humanismo Renascentista.